COMUNICADO DE IMPRENSA

Índice de Normas Sociais de Género

Novo estudo analisa os preconceitos e normas sociais que limitam o progresso das mulheres 

5   de Março - Qual é o tamanho e a espessura do tecto de vidro que limita e impede as mulheres de progredirem a partir de certa altura? Uma nova análise sugere que este tecto cobre todos os aspectos da vida das mulheres - incluindo no lar - e que é construído, não de vidro, mas de estereótipos e preconceitos generalizados contra as mulheres, mantidos e repetidos por homens e mulheres em todo o mundo.

Estas foram as descobertas do novo Índice de Normas Sociais de Género, divulgado hoje pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O índice mede como as convicções e normas sociais dificultam a igualdade de género em áreas como política, trabalho e educação e contém dados de 75 países, cobrindo mais de 80% da população mundial.

A nova análise revela que, apesar de décadas de progresso pela igualdade entre homens e mulheres, cerca de 90% dos homens e mulheres do mundo têm algum tipo de preconceito contra as mulheres, fornecendo novas pistas para as barreiras invisíveis que as mulheres enfrentam para alcançar a igualdade e um potencial caminho a seguir para partir este tecto de vidro.

Segundo o índice, cerca de metade dos homens e mulheres do mundo sentem que os homens são melhores líderes políticos do que as mulheres e mais de 40% acham que os homens são melhores executivos de negócios e que os homens têm mais direito a um emprego quando os empregos são escassos. 28% acham que é justificável que um homem bata na esposa.

Também estão disponíveis informações sobre como os preconceitos estão a mudar em cerca de 30 países. Mostra que, enquanto em alguns países houve melhorias, noutros as atitudes parecem ter piorado nos últimos anos, provando que o progresso não pode ser tomado como garantido.

"Percorremos um longo caminho nas últimas décadas para garantir que as mulheres tenham o mesmo acesso às necessidades básicas que os homens têm. Atingimos a paridade na educação primária e reduzimos a mortalidade materna em 45% desde o ano de 1990. Ainda assim, as diferenças de género são óbvias em outras áreas, particularmente naquelas que desafiam as relações de poder e que realmente influenciam o alcance de uma verdadeira igualdade. Hoje, a luta pela igualdade de género é uma história de preconceitos”, disse Pedro Conceição, Director do Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD.

A diferença de poder

Esta nova análise esclarece porque ainda existem enormes “diferenças de poder” entre homens e mulheres nas nossas economias, nos sistemas políticos e nas empresas, apesar dos progressos que diminuem as desigualdades de género em áreas básicas do desenvolvimento, como na  educação e na saúde, e a eliminação de barreiras legais à participação das mulheres na política e na economia.

Por exemplo, os homens e as mulheres votam em proporções semelhantes, no entanto apenas 24% dos assentos parlamentares em todo o mundo são ocupados por mulheres e apenas 10 dos 193 chefes de governo ou de estado são mulheres.

No mercado de trabalho, as mulheres recebem menos do que os homens e têm uma probabilidade de ocupar cargos de direcção e de chefia muito menor: menos de 6% dos CEOs das empresas do S&P 500 são mulheres. E, embora as mulheres trabalhem mais horas do que os homens, é mais provável que esses trabalhos sejam não remunerados.

“O trabalho que tem sido tão eficaz para garantir o fim das desigualdades na saúde ou na educação deve agora evoluir para abordar algo muito mais desafiador: um preconceito profundamente enraizado – tanto nos homens como nas mulheres - contra a verdadeira igualdade. As políticas atuais, embora bem-intencionadas, têm um alcance limitado,” disse Achim Steiner, Administrador do PNUD.

Este ano de 2020 marca o 25º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim (Beijing + 25), o programa de empoderamento das mulheres mais visionário até ao momento.

O PNUD pede que os governos e as instituições usem uma nova geração de políticas para mudar estas convicções, preconceitos e práticas discriminatórias por meio da educação, aumentando a consciencialização. Por exemplo, usando benefícios fiscais para incentivar a partilha equitativa da responsabilidade de cuidar dos filhos ou incentivando as mulheres e as meninas a enveredarem por sectores tradicionalmente dominados por homens, como as forças armadas e as tecnologias de informação.

“As manifestações pelos direitos das mulheres em todo o mundo hoje, motivadas por jovens feministas, mostram que são necessárias novas alternativas para um mundo diferente”, disse Raquel Lagunas, Diretora da Equipa de Género do PNUD. "Precisamos de agir agora para quebrar a barreira de preconceitos, se quisermos avançar na velocidade e à escala necessárias para alcançar a igualdade de género e a visão estabelecida na Declaração de Beijing há duas décadas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável".

O PNUD e o Género

A estratégia de género do PNUD foca-se na eliminação das barreiras estruturais ao empoderamento económico das mulheres; na prevenção e resposta à violência baseada no género; na promoção da participação e liderança das mulheres em todas as formas de tomada de decisão; e no fortalecimento de estratégias que ajudem mulheres e homens na prevenção, preparação e recuperação de crises, incluindo mudanças climáticas.

● Em 2019, o PNUD estabeleceu 74 novas parcerias para abordar normas sociais discriminatórias de género.

● O PNUD trabalhou em 97 países para promover a liderança das mulheres na gestão de recursos naturais, em 74 países para integrar género nas políticas, planos e estruturas ambientais e climáticas.

● 48% de todos os eleitores registrados em 39 países onde o PNUD presta assistência eleitoral são mulheres.

● Com o apoio do PNUD, 23.4 milhões de mulheres tiveram acesso a serviços básicos, serviços financeiros e a activos não financeiros em 2019.

● O PNUD trabalhou em 26 países em 2019 para garantir que 1,7 milhão de mulheres em situações de crise ou pós-crise beneficiassem de empregos e melhores meios de subsistência.

● O PNUD é um parceiro central da Iniciativa Spotlight UE-ONU, um programa global plurianual para acelerar os esforços para o fim da violência contra mulheres e meninas, que tem como alvo 50 milhões de beneficiários directos em cinco regiões e mais de 25 países.

Progressos desde 1995, Declaração de Pequim e Plataforma de Ação:

● Estão agora na escola mais meninas do que em qualquer outro momento da história; mais países alcançaram a paridade de género na matrícula escolar; e as taxas globais de alfabetização melhoraram, especialmente entre os jovens.

● A taxa de mortalidade materna global diminuiu 38% entre 2000 e 2017.

● Na última década, a proporção de nascimentos assistidos por pessoal de saúde qualificado aumentou 12 pontos percentuais.

● Globalmente, a proporção de mulheres no parlamento duplicou desde 1995.

● Houve um progresso constante nas últimas duas décadas na promulgação de legislação para combater a violência contra as mulheres. Hoje, mais de três quartos dos países têm leis sobre violência doméstica em vigor.

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