“Agir em conjunto para erradicar a pobreza”

17 de October de 2019

Manuel Francisco Gomes, de 75 anos, e os companheiros da cooperativa agrícola “Twye Ku Pholo”, da comuna do Kiamgombe, Malange, resistiram à seca de 2016 e 2017 “com força e vontade” e continuaram a cultivar “milho, feijão, ginguba, batata doce e hortaliças”.

A pobreza não é apenas uma questão económica, mas um fenómeno multidimensional e a sua erradicação, em todas as suas formas e dimensões é o primeiro Objetivo do Desenvolvimento Sustentável para a Agenda 2030.

Este ano, o lema do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, 17 de Outubro, é  “Agir em conjunto para empoderar as crianças, as suas famílias e as suas comunidades para erradicar a pobreza” e, na sua mensagem anual, o Secretário Geral da ONU defendeu que “uma das chaves para acabar com a pobreza infantil é fazer frente à pobreza no lar, onde é originada”.

Estima-se que mais de um quinto da população mundial viva em pobreza multidimensional, ou seja, cerca de 1,3 mil milhões de pessoas, e que 84% dos pobres no mundo vivam em áreas rurais, ou seja, cerca de 1,1 mil milhões de pessoas.

É com estes números em mente que o PNUD em Angola tem investido em projectos virados para as comunidades e famílias rurais.

Graças a um desses projectos, o Kukula Ku Moxi, Manuel Francisco Gomes, de 75 anos, e os companheiros da cooperativa agrícola “Twye Ku Pholo”, da comuna do Kiamgombe, Malange, resistiram à seca de 2016 e 2017 “com força e vontade” e continuaram a cultivar “milho, feijão, ginguba, batata doce e hortaliças”.

O projecto Kukula Ku Moxi, implementado pela Sociedade de Desenvolvimento do Polo de Capanda, com o financiamento do PNUD Angola, visava a organização comunitária e o estabelecimento de cadeias produtivas para aumentar os rendimentos dos pequenos produtores e agricultores em Malange, desenvolvendo a agricultura familiar e reduzindo os níveis de pobreza rural. Foi adoptado no âmbito do programa de Desenvolvimento das Cadeias de Distribuição para o Agronegócio.

O nome atribuído ao projecto pelos agricultores, Kukula Ku Moxi, significa ‘’crescer juntos’’, em Kimbumdo, e resume perfeitamente a experiência de Manuel Francisco Gomes, o líder da cooperativa agrícola. “O trabalho em conjunto é a forma mais célere e rentável de alcançar o sucesso”, explicou o agricultor. “Quem caminha sozinho não encontra o desejado, mas juntos o resultado é maior”.

O nome atribuído ao projecto pelos agricultores, Kukula Ku Moxi, significa ‘’crescer juntos’’, em Kimbumdo, e resume perfeitamente a experiência de Manuel Francisco Gomes, o líder da cooperativa agrícola.

Para além do aumento da capacidade produtiva das comunidades, o projecto introduziu actividades ligadas à alfabetização, que reforçou as habilidades dos líderes comunitários, e competências para as famílias, sobretudo na gestão dos conflitos locais, higienização das aldeias e negociação com os clientes locais.

“Na agricultura individual tive uma experiência limitada, já na cooperativa, além do mérito de liderança, ganhei experiências de novas técnicas agrícolas, de negócios, e prémios de instrumentos de trabalho que têm sido úteis nas minhas actividades quotidianas’’, continuou.

No futuro, Manuel Francisco Gomes espera que a cooperativa se mantenha unida “em busca de apoio para a aquisição de máquinas e sementes, que poderão contribuir para o desbravamento da terra, incorporação de novos membros na cooperativa e para aumentar a produção”.

Quando se analisa a interrelação dos indicadores, como os acessos e as condições de saúde, de educação e os padrões de vida, percebe-se que existem várias dimensões para a pobreza que são experienciadas de modo distinto por homens e mulheres.

Em 2018, o PNUD Angola dedicou parte das suas acções às mulheres nas áreas rurais, que são as mais prejudicadas nas comunidades vulneráveis economicamente devido às desigualdades de género enraizadas. 

Centenas de mulheres, apoiadas pelo PNUD Angola, organizaram-se e cultivaram culturas resistentes à seca, que beneficiaram diretamente cerca de 360 pessoas. Foram ainda feitos esforços para reduzir a vulnerabilidade das famílias em meios rurais e cerca de 300 pessoas receberam apoio alimentar.

Com o objetivo de empoderar vidas, houve também uma grande aposta na capacitação. Foram criados grupos para fortalecer a capacidade produtiva e organizacional de mulheres em meios rurais, que beneficiaram, diretamente, 375 mulheres, e sessões de treino sobre agricultura e horticultura.

Mulheres capacitadas e informadas respondem melhor aos desafios dos tempos modernos, como as mudanças climáticas, secas e desemprego, e desempenham papéis importantes, ao sensibilizarem as suas comunidades e promoverem acções positivas.

Para Manuel Francisco Gomes, a sua família e os companheiros da cooperativa, este foi o caminho para escapar à pobreza. O PNUD mantém o seu compromisso de não deixar ninguém para trás, continuando a criar formas de garantir que mais possam seguir o caminho do auto-sustento e da dignidade.