INE lança consulta pública sobre pobreza multidimensional em Angola

--- Image caption ---

Num diálogo aberto sob a liderança do Instituto Nacional de Estatística (INE) e com o apoio dos seus parceiros, no dia 19 de Março, foi lançada a primeira consulta pública sobre pobreza multidimensional em Angola.

Em 2015, os Estados Membros da ONU aprovaram a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que estabelece 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com a ambição de não deixar ninguém para trás. O primeiro Objectivo, o ODS 1, visa erradicar a pobreza em todas as suas dimensões. Neste sentido, o PNUD, em parceria com a Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI) da Universidade de Oxford, lançou em 2010 o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM).

O IPM substituiu o anterior Índice de Pobreza Humana e inclui três dimensões chave da pobreza: saúde, educação e condições de vida. Estas dimensões são concretizadas em dez indicadores, que podem ser identificados e quantificados, para determinar diferentes privações que sofrem os seres humanos, além do rendimento monetário.

O relatório do IPM Global de 2018 mostra que cerca de 1,3 mil milhões de pessoas no mundo vivem em pobreza multidimensional, o que representa o 23,3% da população total analisada no estudo. De acordo com os resultados do IPM Global, um de cada dois angolanos (51,2%) vivem na pobreza multidimensional, com uma taxa de pobreza de 88,2% nas áreas rurais e 29,9% nas áreas urbanas.

Durante a sua intervenção no evento, o Representante Residente do PNUD em Angola,  Henrik Fredborg Larsen, frisou que a consulta pública constitui um mecanismo chave para abrir e enriquecer o diálogo aberto e participativo. O diálogo é fundamental para enfrentar o desafio de escolher os indicadores para definir um IPM Nacional, adaptado ao País. A criação de um IPM Nacional, com indicadores específicos para Angola, pode ser um complemento ao IPM Global já existente, o qual mantem a vantagem de permitir a comparabilidade entre os países.

O Representante Residente ressaltou também que o diálogo participativo sobre a pobreza multidimensional tem uma relevância enorme para Angola em termos de desenho das políticas – por exemplo no Programa de Desenvolvimento Local e Combate a Pobreza – e para o Orçamento Geral do Estado, como ferramenta para financiar a promoção do desenvolvimento humano no País. Henrik Fredborg Larsen frisou que o diálogo sobre pobreza multidimensional é muito valioso, para contribuir a formular políticas de desenvolvimento económico que promovam a geração de emprego, especialmente para os jovens, como uma via para sair da pobreza e não deixar ninguém para trás.