Amplas desigualdades ameaçam para o bem-estar das pessoas e o progresso global no desenvolvimento humano

Luanda, Angola, 14 de Setembro de 2018  - Amplas desigualdades ameaçam para o bem-estar das pessoas e o progresso global no desenvolvimento humano

Estas são declarações efectuadas na apresentação da atualização estatística dos indicadores e índices do Desenvolvimento Humano lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) nesta sexta-feira, 14 de Setembro de 2018, em Nova Iorque.

O último Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) revela que pessoas residentes em países de alto desenvolvimento humano podem esperar viver 19 anos a mais e receber 9 anos adicionais de educação, do que aqueles que vivem no grupo de países com baixo desenvolvimento humano.

Noruega, Suíça, Austrália, Irlanda e Alemanha lideram a tabela de 189 países e territórios na última atualização do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), enquanto Níger, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Chade e Burundi têm as pontuações menores nos indicadores do Desenvolvimento Humano, em termos de saúde, educação e renda. O nível médio do IDH tem aumentado significativamente desde 1990 – 22 por cento globalmente e 51 por cento nos Países Menos Avançados – reflectindo o facto de que, em média, as pessoas estão vivendo mais tempo, com melhor educação e maior rendimento. Contudo ainda existe uma grande diferença no bem-estar das populações pelo mundo.

Em média, um recém-nascido num país com baixo desenvolvimento humano pode esperar viver cerca de 60 anos, enquanto um recém-nascido num país de alto desenvolvimento humano pode esperar viver em média até os 80 anos. Similarmente, crianças em países de baixo desenvolvimento humano podem esperar estar na escola cerca de sete anos a menos do que crianças em países de alto desenvolvimento humano”, declarou Achim Steiner administrador do PNUD.

Apesar do optimismo sobre a redução de lacunas, as disparidades no bem-estar das pessoas ainda são inaceitavelmente amplas. A desigualdade em todas as suas formas e dimensões, entre e dentro dos países, limita as escolhas e as oportunidades das pessoas, impedindo assim o progresso”, declarou Selim Jahan, Director do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano do PNUD. 

Disparidades de género nos primeiros anos de vida estão a fechar-se, mas as desigualdades persistem na vida adulta. Em todo o mundo a média do IDH para as mulheres é seis por cento mais baixa que para os homens, devido ao facto das mulheres terem um menor rendimento e menos anos de escolaridade em vários países. A participação das mulheres na força de trabalho mundial é menor do que a participação dos homens – 49 por cento contra 75 por cento. Em geral, a percentagem de participação de mulheres com mandatos parlamentares continua baixa, a pesar de variar entre regiões. Na África Subsariana a taxa de fecundidade adolescente é mais do dobro do que a média mundial de 44 por 1000 nascidos vivos.

De acordo ao relatório, a região da África Subsariana assistiu a um aumento de 35 por cento do IDH desde 1990. Doce países na região encontram-se agora no grupo de países de médio desenvolvimento humano, e quatro países—Botswana, Gabão, Maurícias e Seicheles—estão agora no grupo de países de alto desenvolvimento humano. A África Subsariana tem agora a mais alta perda regional devido a desigualdade (31 por cento). Ruanda têm a maior taxa de partição de mulheres no Parlamento no mundo (55.7 por cento).

Angola: Emergindo do desenvolvimento humano baixo para médio com benefícios limitados pela desigualdade.

De acordo com a Actualização Estatística do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sobre os Índices e Indicadores de Desenvolvimento Humano 2018 (IDH), publicado pelo PNUD nesta Sexta-feira, 14 de Setembro em Nova Iorque, Angola emerge da classificação baixa para a classificação média no desenvolvimento humano, resultante principalmente do aumento da esperança de vida. Os dados mais recentes indicam que uma criança nascida em Angola tem uma esperança de vida de 61.8 anos, isto é, 20.5 anos menos à uma criança nascida na Noruega (IDH 0.953), um país com a primeira classificação no IDH, e 9.6 mais anos de vida à uma criança nascida na Serra Leoa (IDH 0.423).

O valor do IDH de Angola em 2017 foi de 0.581 – colocando-o na categoria de país de desenvolvimento humano médio, na posição 147 do total de 189 países e territórios. Entre os anos 2000 e 2017, o valor do IDH de Angola aumentou de 0.387 para 0.581, um aumento de 50.2 por cento. Entre 1990 e 2017, a esperança de vida a nascença de Angola aumentou 20.1 anos, a média de anos de escolaridade aumentou 0.7 anos e os anos esperados de escolaridade aumentaram 8.0 anos. O rendimento nacional bruto (RNB) per capita de Angola aumentou cerca de 182.4% entre 1990 e 2017.

Entretanto, quando o valor do IDH de Angola (0.581) é descontado pela desigualdade, o IDH reduz para 0.393, uma perda de 32.4%, devido à desigualdade na distribuição dos índices de dimensão do IDH. Angola perde 16 posições na classificação do IDH quando o RNB per capita é ajustado à desigualdade. A perda média causada pela desigualdade para países com IDH médio é de 25.1% e para a África Subsaariana é de 30.8%. Como referido pelo Director do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano do PNUD, Selim Jahan, em relação ao desempenho do desenvolvimento humano mundial: “Apesar do optimismo sobre a redução de lacunas, as disparidades no bem-estar das pessoas ainda são inaceitavelmente amplas. A desigualdade em todas as suas formas e dimensões, entre e dentro dos países, limita as escolhas e as oportunidades das pessoas, impedindo assim o progresso”.

No âmbito da igualdade de género, a publicação refere que as mulheres Angolanas têm maior esperança de vida a nascença (64.7 anos) em relação aos homens (59 anos). Entretanto, os homens têm mais anos de escolaridade (12.7) em relação as mulheres (11.0), bem como uma renda per capita superior com 6.546 dólares contrariamente as mulheres com 5.063 dólares. Em 2017, as mulheres tiveram uma participação no parlamento de 30.5%, que foi inferior a 2015 com 36.8%.

As taxas de mortalidade infantil e de menores de cinco anos foram inferiores em 2017 comparados a 2015. As taxas de incidência de malária e tuberculose são reportadas como sendo mais elevadas.

Em comparação com outros países Africanos, o IDH de Angola é ligeiramente superior ao produtor de petróleo Nigéria e inferior aos outros países de rendimento médio como Botswana (0.717) e Cabo Verde (0.654).  África do Sul e Namíbia apresentaram IDH de 0.699 e 0.647, respectivamente.

Clique aqui para baixar a versão em inglês